“don’t just do something, stay there”
“don’t just do something, stay there” – Thich Nhat Hanh
A adiar escrever sobre isto há meses…como que zonza da vertigem que tem sido este ano. O início da pandemia quase que coincidiu com o início da minha gravidez e com ambos a sensação de ter mergulhado de cabeça num qualquer espaço de tempo e vida onde todos os meus referenciais internos e externos se diluíram e misturaram numa espécie de vazio que se instalou e com o qual tenho vindo a travar uma batalha longa e silenciosa.
Um “braço de ferro” entre a razão e o coração e as emoções e a vida toda. E, aos poucos, ainda sem recuperar os referenciais, a certeza de que na ausência de controlo e certeza começo a vislumbrar a vida como ela é. Aos poucos sinto-me a render e a deixar ir a “ditadura do fazer”… aquela que alimentou a culpa e ideia de “ter de”, num momento como este que vivemos, reinventar mil ideias, negócios ou abordagens enquanto sentia não ter nada para dar… aquela que alimentou a insegurança, o cansaço e “ter de” saber lidar com emoções e decisões e cenas afins daquelas que se esperam do papel de uma futura mãe…
Neste “campo de batalha” enchi-me de um vazio, adornado de culpa por não conseguir fazer mais ou diferente, por querer emoldurar a minha essência na certeza do que me trariam todas estas transformações… e só agora, com os pés bem assentes neste vazio enevoado começo a respirar fundo e a sentir a vida como ela é…quem eu sou para além da minha história, das minhas ações, das minhas certezas? É neste vazio, com o qual tanto lutei por achar que me definia, que mora o acolher a vida como ela é, o não “ter de fazer” para “ser”, o amor e a compaixão de parar, o sentir que estou exatamente onde devia estar, que a alma é sábia e me deixou ficar neste vazio para só ficar um bocadinho comigo a conversar com o meu coração. E esse é um bom lugar para estar, para não fazer qualquer coisa, para apenas me render e ficar. Só ficar.
E quando me ouvir, quando me sentir de novo, simplesmente continuar…não importa agora bem para onde, importa apenas que me leve a mim pois sei que sempre que é assim…está tudo certo!
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